Devocional

15 – O risco de perder-se

Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância. Jo 10.10

A vida é cronômetro. É areia que percorre a ampulheta. É tempo que escorre pelos dedos. Nesses últimos dias, confinado em minha própria casa, tive em mãos um pequeno livro elaborado pelo filósofo sul coreano Byung-Chul Han. Lendo as suas desconfortáveis páginas, concluí que as nossas percepções sobre a vida descrevem muito bem o espírito do nosso próprio tempo, mas pouco têm a dizer sobre a substância desse presente dado por Deus. Para o intelectual, vivemos numa “sociedade do cansaço”. Somos acelerados. Internalizamos que a vida é repleta de sons. Porém, nos esquecemos das pausas! Qual o perigo? O risco é perder-se. Perder-se de si e perder-se do outro. Encontramos na agenda cheia, a fuga das nossas insuficiências. Enxergamos na produtividade, o ópio que ameniza a ausência de sentido. O resultado? Esse conhecemos bem! A respiração mais parece um avião em turbulência. A coragem para levantar da cama vai embora sem dizer adeus. Postergamos! Somos jovens exaustos. Assim como a mão que socorre o ferido, Jesus veio ao mundo para restaurar a nossa humanidade. Em seus gestos, nos ensinou que a vida é renúncia; é doação; é solitude e descanso. Pessoalmente, confesso que já tentei dominar a vida. Lutei, mas caí. Percebi que a vida na verdade é um verdadeiro espaço de imprevisibilidade. No entanto, como o lenço que enxuga as lágrimas, encontrei refúgio nas palavras Jesus: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância (Jo10:10)”. Em linhas gerais, hoje, oro para que você entenda que a vida não cabe no currículo lattes. Oro para que você compreenda que pessoas são mais importantes que metas. Oro para que você reconheça seus limites. Afinal, Jesus requer abundância no viver.

 

Ramon Oliveira
PIB do Rio de Janeiro