Devocional

UM DEGRAU POR VEZ

Em janeiro de 2021, retornei a um município chamado Barra do Garças-MT, um lugar muito bonito e cheio de balneários, cachoeiras e montanhas. Nesta cidade existe um local muito alto, em que há apenas dois acessos possíveis: uma estrada (mais restrita) e uma escadaria composta por 1200 degraus.

Em busca de uma visão privilegiada, decidi subir as escadas.

Iniciei correndo, cheio de gás, afoito, animado, sentindo que nada iria me abater e nem me fazer desistir. Em alguns minutos senti o suor descendo pelo meu rosto, tirei a jaqueta pois eram 14h e um calor imenso, a canseira já batendo à porta. Em seguida, decidi parar para tomar fôlego quando percebi uma plaquinha que dizia “Parabéns! Você chegou ao 200º degrau”.

Naquele momento as pernas começaram a tremer, além do calor muito grande, sendo que eu ainda tinha uma viagem para concluir. Com tudo isso, sentei em um degrau e pensei: “Será que vale a pena seguir? É só uma escadaria! O que eu vou ganhar com tudo isso?” Decidi continuar.

Ao chegar no 500º degrau a velocidade foi substituída pela persistência, o corrimão passou a ser um excelente aliado e eu continuei subindo.

No 700º degrau, já estava decidido a desistir da jornada e retornar. O trajeto é comum quando se faz de forma correta (não foi o meu caso). Já decidido a retornar, sentei em um dos degraus e fiz uma oração:
“Senhor, é apenas uma escada, me permita aprender algo com esta situação”.

Me recordei de algumas passagens bíblicas:

  1. “Mas os que esperam no Senhor renovarão as forças, subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; caminharão, e não se fatigarão.” – Isaías 40:31.
  2. Mas, sejam fortes e não desanimem, pois o trabalho de vocês será recompensado” – 2 Cr 15:7.
  3. “Para tudo há uma ocasião certa; há um tempo certo para cada propósito debaixo do céu” – Ec 3.1.

Após refletir um pouco nestas passagens, segui caminho rumo ao topo da escadaria, entendendo que não era a velocidade, e sim a consistência, que me levaria até lá, e que o topo não era o prêmio, e sim o aprendizado do caminho.

Enfim cheguei ao topo. Passei 15 minutos por lá, e depois retornei.

Posso comparar esse tempo de pandemia com uma montanha inclinada, em que as vezes falta ânimo, segurança, fôlego para escalar. Nesta caminhada, aprendemos a conviver com a perda de pessoas que amamos, sem poder parar e nem retornar, e onde muitas pessoas desistem de prosseguir no caminho. O precioso detalhe que precisamos entender é que Deus não está apenas no topo, Ele está na jornada, dando fôlego quando ele falta, a energia quando se esgota, a resposta quando tudo parece perdido e a certeza de que há sempre algo depois da montanha além de apenas uma boa vista.

Mesmo com as pernas bambas, precisamos continuar entendendo que cada degrau é necessário nesse processo, e assim se pararmos poderemos recomeçar.

Estamos alcançando o 1200º degrau, o que vamos fazer depois?

Tenho certeza que o Senhor já providenciou essa resposta.

 

Altenir Santos
Coordenador do 29+ da JBB