Devocional

REBOOT, O APAVORANTE CAMINHO PARA ENCONTRAR O NOVO

O tema recomeçar me faz lembrar as tantas vezes que eu tive que recomeçar algo em minha vida. Eu chego aos 54 anos com o privilégio de colecionar bem poucos fracassos e com a alegria de experimentar alguns recomeços. Posso confessar que recomeçar é algo assustador. Trata-se de um desafio enorme ter que recuar passos atrás para novamente reiniciar. Dar reboot não é para todos. É algo que mexe profundamente com o nosso emocional e também com o espiritual.

Quando falamos de recomeço, muitos textos me vêm à mente: Penso no povo hebreu saindo do Egito para reiniciar uma vida nova em um lugar que eles não tinham a menor ideia de como seria. Eles levam quarenta anos naquela aventura de mudança de endereço. Apesar de enfrentarem lutas e guerras durante a caminhada, conseguem se estabelecer como uma poderosa nação. Foi preciso muita determinação, coragem, ousadia e perseverança. Muitos daqueles que estavam sob a liderança de Moises quiseram, não apenas voltar, mas, desanimar todo o povo. Eles ficaram com medo de fracassar, morrer em confronto com os povos cananeus, que lhes pareciam gigantes invencíveis. Eles tinham um grande problema de autoestima que os levava a enxergar a si mesmo como gafanhotos. Josué e Calebe foram aqueles que conseguiram enxergar além da evidência, eles perceberam que Deus seria aquele que os fortaleceria.

Penso também em Esdras e Neemias, no retorno para a sua terra natal. Eles assumiram o enorme desafio de reconstruir o templo e os muros de Jerusalém que estavam em ruínas. Eu sempre penso no povo que ficou na terra, aqueles que não foram levados cativos, os mais pobres, que diariamente passavam em frente aos muros e ao templo. Deveria ser uma visão desanimadora. Pedras espalhadas, o mato crescendo, e a tristeza consumindo. Eu me pergunto porque eles não iniciaram a obra de reconstrução antes. Foram setenta anos sem fazer nada, apenas esperando. Talvez sonhando, mas, se se mover. O que me leva a crer que sem decisão não há movimento e sem movimento não há recomeço. Esdras e Neemias desafiaram o povo a iniciar a obra, a condução deles os levou a enfrentar perseguições e nisto foram fortalecidos.

Estes textos e personagens me fazem refletir sobre alguns recomeços, por exemplo, quando eu deixei o ministério na Bahia para retornar ao Rio de Janeiro, após oito anos de um lindo ministério. Deus me deu a visão clara de que a sua missão ali comigo havia acabado e teria que recomeçar em outro lugar que ele ainda mostraria. É de doer o coração. Depois de tudo pronto, templo novo, liderança treinada, muitos batismos, senso de realização e de dever cumprido. Então eu ouço Deus dizer: acabou, volte, vamos recomeçar! É nesta hora que a nossa fé é provada. Somos tentados a desconfiar no Deus provedor. Acredito que este era o dilema dos antigos diante das situações difíceis. Mas, eu escolhi confiar e isto fez toda a diferença.

Recomeçar é um desafio que nos leva a lugares novos. É preciso coragem, determinação, ousadia e sobretudo muita fé em Deus. O que eu aprendo com os antigos irmãos, lendo os textos bíblicos, é que eles venceram o medo, a dor e o cansaço e prosseguiram confiando plenamente em Deus. Creio que este é o segredo para recomeçar.

 

Sergio Rosa
Primeira Igreja Batista Universitária do Brasil – RJ