Devocional

#22 Reaproximando fé, cultura, ciência e sociedade

Autor: Vinícius Vargas, casado com Izabela, pai do Eduardo e da Eliza. Pastor Batista, membro da PIB do Bessamar – PB, Doutor em Teologia Sistemática, Professor na Faculdade Internacional Cidade Viva e Conselheiro Emérito da Juventude Batista Brasileira.

 

Texto inspirativo: “Eles ainda não haviam compreendido que, conforme a Escritura, era necessário que Jesus ressuscitasse dos mortos.” (João 20:9)

 

Os textos que lemos acerca da ressurreição algumas vezes podem parecer curiosos. Jesus já havia avisado aos discípulos que morreria, mas que ressuscitaria. Como era algo absolutamente inédito, eles não conseguiam entender como seria aquilo. E mesmo depois de ressuscitado, sua compreensão não era completa, as coisas foram sendo assimiladas com o correr dos acontecimentos até que não houvesse por parte deles nenhuma dúvida. Primeiro creram, depois começaram a entender.

Para a mentalidade de um judeu era escandaloso que alguém crucificado fosse o Filho de Deus. Crucificados eram pessoas amaldiçoadas (Deuteronômio 21:23). Na mentalidade grega, era loucura que um Filho de Deus morresse em lugar de mortais pecadores. As sociedades grega e judaica não entendiam como aquilo seria possível (1 Coríntios 1:23). Queria fazer o processo de entender para crer. Dois grandes homens de Deus, Agostinho de Hipona e Anselmo de Cantuária defendiam a ideia que o percurso adequado deveria ser crer e então avançar em conhecimento.

Fé e razão não são excludentes. Um documento oficial da Convenção Batista Brasileira, chamado de Princípios Batistas, diz textualmente: “A fé e a razão aliam-se no conhecimento verdadeiro. A fé genuína procura compreensão e expressão inteligente”. Muitas vezes, nos prendemos ao início pela fé e esquecemos de que nossa fé deve ser expressa de maneira clara a qualquer um que nos interrogue (1 Pedro 3:15). Cremos, e então buscamos entender. Uma vez que entendemos aquilo que nossa percepção humana nos permite saber, podemos e devemos compartilhar essas verdades ao mundo.

Paulo era doutor da lei judaica, educado aos pés de um grande mestre da lei (Atos 22:23). Ele pregava nas sinagogas de todas as cidades aonde ia (Atos 17:2), mas precisou uma vez pregar em um ambiente diferente. Esteve diante de filósofos falando do poder de Deus. Usou da filosofia, da mitologia e da poesia grega para anunciar o Deus Criador de todas as coisas e apontava para a ressurreição e para a necessidade de arrependimento (Atos 17:15-34). Paulo não perverteu a mensagem, não fantasiou seu discurso, não negociou seus valores. Tão somente anunciou sua fé de maneira que seu público pudesse entender.

Uma vez que seguimos uma via distinta: primeiro cremos, precisamos seguir a trilha e buscar compreensão. O profeta chamará isso de conhecer a Deus e prosseguir conhecendo-o (Oséias 6:3). Assim, aproximaremos a nossa fé das expressões culturais, das ciências, das artes e de quaisquer outras áreas que Deus nos capacite a exercer, levando a mensagem do Evangelho de maneira que todos possam saber quem Jesus é, e conhecendo-o, tenham vida em Seu nome (João 20:31). Que Deus nos abençoe e faça sempre tudo novo de novo!

 

Motivo de oração: Orar pelas juventudes e seus desafios

Colocando em prática: Perceber a beleza divina nas coisas cotidianas

Música para reflexão: Te Vejo – Resgate (https://youtu.be/eWrWvNAIkOE )