Roteiro PG

Casais | O que na verdade importa? – “Jesus pelas vias do senso comum”.

Texto bíblico:  Mc 6:1-6

Autores: Pr. Ramon Oliveira é ministro de jovens na Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro, professor no Seminário Teológico Batista do Sul do Brasil e doutorando em história pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Emily Oliveira é enfermeira pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e, atualmente, participa do programa de residência obstétrica da Escola de Enfermagem Ana Nery. Eles se casaram em 2023, ainda não possuem filhos e, juntos, compartilham o amor pelo Botafogo: o maior time do Brasil.

Dinâmica

  • Iniciar um bate papo sobre os modelos de vida perfeita e bem sucedida que nós vemos no Instagram. A partir disso discutir a popularidade como parâmetro de sucesso. Destaco que em nossa sociedade ser bem sucedido é sinônimo de ser amplamente reconhecido, ou seja, ser famoso. Geralmente pessoas anônimas são percebidas como fracassadas. Logo, pessoas que estão no senso comum são entendidas como pessoas que não dignas de atenção e prestígio. Dessa forma, durante o debate é preciso fazer com que as pessoas pensem em como é viver o anonimato e como este pode ser um espaço de operação do poder de Deus.

Texto inspirativo: Mc 6:1-6.

Conteúdo

Pensar em Jesus como um evento messiânico é uma tarefa complexa. Afinal, possuímos mais de 2.000 anos de distância temporal e as nossas projeções ocidentais sequestram detalhes da sua realidade histórica. Hoje compreendemos o Cristo como um fenômeno divino que mudou os paradigmas do mundo. No entanto, o que um judeu anônimo da antiguidade diria sobre o Jesus Nazaré?

Acredito que a resposta poderia ser surpreendente para nós: até o advento da cruz, Jesus foi alguém comum. Veja! Se você ler os evangelhos atentamente, certamente perceberá que os seus milagres foram contestados, parte das suas palavras foram citações da Lei e Profetas e muitos outros conterrâneos se levantaram se auto declarando como messias. Isso significa que para alguns Jesus não era uma novidade plena.

Algo compreensível. Até porque, ao nascer Jesus foi apresentado no Templo, circuncidado ao oitavo dia e seus pais, assim como em outras famílias pobres e sem prestígio social, ofereceram como sacrifício um par de passarinhos ou duas pombas. O nascimento de Jesus se deu dentro da normalidade.

Diferentemente daquilo que pensamos, Jesus não foi uma criança genial. O fato dele estar discutindo a Lei com os doutores no templo não dizia muita coisa. Vale lembrar que isso era relativamente normal para os garotos daquele tempo. Era justamente nesta idade que os meninos se transformavam em filhos do mandamento, Bar Mitzvá, o que indicava a sua maturidade de acordo com a lei judaica.

Destaco que aos doze anos os meninos de Israel já haviam concluído a primeira fase da educação religiosa chamada de Beit Sefer. Dentre eles existiam alguns que, avançados nos seus estudos, estavam no Beit Talmud e, certamente, almejavam a terceira e última etapa da formação, isto é, o Beit Midrash. Contudo, a maioria dos garotos (não excepcionais) abandonavam os seus estudos após a primeira etapa da formação para aprender algum ofício com seu pai. Foi o que aconteceu com Jesus. Ele se tornou um carpinteiro.

Além disso, desde os tempos da infância até o dia da sua morte, Jesus participou das festas e das celebrações dos judeus. Cumpriu a Lei. Ofereceu sacrifícios no templo. Guardou o sábado. Viveu verdadeiramente como um judeu e morreu como um judeu. Vale lembrar que Ele seguiu a cartilha do seu povo.

Jesus iniciou o seu ministério aos 30 anos de idade, seguindo assim o protocolo tradicional. Cabe ressaltar que todo jovem que trilhasse a sua jornada de formação na memorização da lei de Moisés e dos profetas e na interpretação segundo uma tradição iniciava suas atividades como mestre por volta dos 30 anos.

No entanto, o que subverte o lugar comum da trajetória do Jesus de Nazaré foi a forma como este recém iniciado mestre em Israel vivenciou o seu ministério. Segundo o Pirkei Avot (tratado da Mishná que apresentava a ética rabínica) um mestre precisava apresentar três qualidades: ser deliberado em seus julgamentos, formar muitos discípulos e fazer uma cerca para a Torá. Jesus fez exatamente o que se esperava de qualquer rabino em Israel. Mas fez de uma forma absolutamente nova e revolucionária. Fez com amor redentor. Como um bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas (Jo 10:11).

É por isso que, ao ler este texto, nos chocamos com a possibilidade de um Jesus dentro das categorias da normalidade. O ponto incomum da sua vida se chama ágape: amando Jesus dividiu a história do universo.

Perguntas para a discussão

  • Você acredita que o amor redentor pode te tirar do lugar comum da existência humana?
  • Como seriam as suas relações acadêmicas e trabalhistas afetadas pelo amor redentor?
  • Quais são as áreas da minha rotina matrimonial que precisam ser ressignificadas pelas surpresas desse amor redentor? (pergunta para ser conversada como casal e fora do pequeno grupo)

Dicas culturais:

WRIGHT, N. T. Simplesmente Jesus. São Paulo: Thomas Nelson, 2020.